Oftalmologia em notícias

Conheça a ONG Vision Impact Institute

Recomendar notícia

06.08.2015

Existem cerca de 2,5 bilhões de pessoas no mundo que necessitam, mas não têm acesso à correção visual. Este é o principal número de Maureen Cavanagh, presidente do Vision Impact Institute, organização não governamental ligada à empresa Essilor, tem diante de si para levar adiante seu trabalho na direção da entidade que atua em várias regiões do mundo patrocinando estudos e ações para levar saúde ocular para as populações carentes. Tentando estabelecer parcerias para o trabalho no Brasil, Maureen Cavanagh esteve recentemente na sede do CBO, onde concedeu a seguinte entrevista:


Jota Zero Digital
– Faça um breve histórico do instituto, seus objetivos e valores.

Maureen Cavanagh – O Vision Impact Institute foi criado em 2013 com o foco de construir conhecimento sobre o impacto socioeconômico do erro refrativo não corrigido. Em 2015, o instituto ampliou sua missão ao incluir a importância da saúde ocular e o aumento da qualidade de vida proporcionada pela correção visual. Há mais de 7 bilhões de pessoas no mundo que precisam ser lembradas dos benefícios da saúde ocular pela detecção precoce dos problemas e a perspectiva de prevenção. Também há 4,3 bilhões de pessoas que precisam de correção visual, das quais cerca de 2,5 bilhões não têm correção. A proposta do instituto e construir uma plataforma de pesquisas e estatísticas convincentes que apoiem a necessidade de 2,5 bilhões de pessoas e amplie a consciência dos benefícios da saúde ocular. Os nossos recursos de banco de dados originais revisados e os dados científicos cobrem cinco categorias chave (infância, maturidade, velhice, motoristas e trabalhadores) alinhados em várias realidades geográficas e sociais. Nosso site atualizado foi desenhado o mais simples possível para uso mais intuitivo com o uso de palavras e temas chaves para fortalecer as pesquisas e a experiência.


Jota Zero Digital
- Como o instituto trabalha em outros países

Maureen Cavanagh – Cada país em que o instituto trabalha tem diferentes necessidades, dependendo de políticas governamentais e apoio local. Por exemplo, 60% dos acidentes automobilísticos estão ligados a problemas visuais. Tais acidentes custam mais de 18 bilhões de euros anualmente em todo mundo. Além disso, na Itália estamos trabalhando com a Universidade de Milão para completar estudo sobre a necessidade de reduzir os acidentes automobilísticos e fatalidades provocados pelos problemas visuais. Este estudo visa definir os testes de visão relevantes que os motoristas devem submeter-se para obter a licença para dirigir e recomendar bateria de testes (acuidade visual, sensibilidade ao contraste, sensibilidade a glare, glare recuperação, campo visual periférico, acuidade visual noturna) que podem ser aplicadas por toda a união europeia. Outro exemplo é que 30% das crianças de todo o mundo não têm visão corrigida. Nos Estados Unidos há 3 estados (de 50) que exigem exames visuais antes do início da vida escolar. Estamos trabalhando com os outros estados para provar que se as crianças são diagnosticadas precocemente e tiverem acesso à correção visual, terão melhor aproveitamento na escola, terão melhor qualidade de vida e maior potencial para aproveitar oportunidades no futuro.


Jota Zero Digital - Pelo que podemos ver no site, a organização coleta pesquisas e trabalhos científicos de vários países e os torna disponíveis para os vários protagonistas responsáveis pela saúde ocular tais como autoridades, médicos, organizações de pacientes, autoridades de saúde, etc. É correto: fale mais sobre este aspecto do trabalho da IVI

Maureen Cavanagh – É correto. Contatamos o African Vision Research Institut, prestigiado centro de pesquisa localizado em Durban, África do Sul. Esta expertise em pesquisas e estudos fornece ao IVI credibilidade em saúde ocular. Os estudos que destacamos em nosso site são categorizados como Científicos (randomizados e clínicos), Revistos pelos pares (publicados em publicações peer reviewed) ou gerais (dados de suporte). Além disso, o instituto está apoiando a publicação de quatro análises científicas, que sintetizam dados em categorias especificas que sumarizam os achados num estudo simples de cada tópico. Constantemente destacamos um em nosso site hoje focado em ambliopia com destaque para a importância do exame ocular em crianças de 4 a 5 anos. Nossos ricos dados acoplados em nosso robusto site fazem do instituto único entre as organizações de advogacy da indústria.


Jota Zero Digital - Também encontramos no site que um dos principais focos do instituto é o que chamamos de advogacy, que no Brasil entendemos como ação política, coletiva ou individual, para influenciar ações governamentais, institucionais e corporativas. A advocacy ligada à saúde ocular pode (em alguns países onde a legislação é diferente da norte-americana, como Brasil) criar conflitos de interesses numa situação de falsa união. Como o instituto administra tais casos?

Maureen Cavanagh – A advogacy praticada pelo instituto é sempre no sentido de fazer o mundo enxergar melhor. Temos esperança que os praticantes da advogacy no Brasil encontrem as evidências que precisam para abraçarem as mudanças necessárias para tornar a visão uma prioridade. As crianças precisam ver para aprender. Trabalhadores precisam ver para serem produtivos. Motoristas precisam ver para sua segurança. Idosos precisam ver para manter sua saúde e independência. Visão afeta tudo que fazemos. O Instituto quer trazer a evidencia para avançarmos nas mudanças necessárias.


Jota Zero Digital - A mesma questão relacionada com a relação entre médicos e indústria. Como o instituto administra estas contradições?

Maureen Cavanagh - Não antecipamos que seja uma contradição. O instituto não é sobre os médicos ou sobre a indústria. E sobre evidência. É sobre dar voz àquelas pessoas com erros refrativos que podem ser beneficiados com melhor visão.


Jota Zero Digital - O instituto traz cifras astronômicas relacionadas com perdas causadas por erros refrativos não corrigidos ou impropriamente corrigidos ou por problemas visuais. Fale mais sobre esta realidade

Maureen Cavanagh – Um estudo extensivo foi patrocinado pela Organização Mundial da Saúde feito pelo Brien Holdn Vision Institute e o professor Kevin Frick que quantificaram que globalmente o custo de ambas as situações é superior a 269 bilhões de euros. Ao longo dos anos este número continuará a crescer com base nas taxas de população e de inflação e isso deve ser tratada. URE é uma doença visual prevenível e temos a responsabiliadde de providenciar acesso, conhecimento e soluções viáveris para as necessidades de 2,5 bilhões de pessoas.


Jota Zero Digital - Alguns dos trabalhos apresentados no site são de autoria de pesquisadores brasileiros. A Essilor trabalha no Brasil há vários anos. Quais os objetivos e planos do instituto para o País?

Maureen Cavanagh – Temos esperança que os que praticam advogacy no Brasil vão encontrar as evidências necessárias para abraçar as mudanças necessárias para tornar a visão prioritária. É uma grande vantagem que o Brasil tem centros de pesquisa e os trabalhos no nosso site podem ser facilmente apoiados por dados globais, especialmente com crianças com necessidade de correção. Esperamos ansiosamente trabalhar com os praticantes de advogacy locais para dar voz à visão.

Para mais informações, acesse o site http://visionimpactinstitute.org/


MAIS

ONU premia brasileiros por criação de óculos com sensor para cegos

Estudo mundial sobre Parkinson com retina pode antecipar diagnóstico 

Pesquisadores desenvolvem anel que lê textos para deficientes visuais


Comentários

Os comentários não são de responsabilidade do CBO.

Seja o primeiro a comentar esta notícia!