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Remo Susanna Junior e Paulo Augusto de Arruda Mello falam sobre o glaucoma no CBO2015

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16.09.2015

As atividades de glaucoma, no XXXVIII Congresso Brasileiro de Oftalmologia, foram um grande sucesso. Remo Susanna Júnior, professor Titular de Oftalmologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e Paulo Augusto de Arruda Mello, professor Associado do Departamento de Oftalmologia da Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina (Unifesp/EPM) nos contam os assuntos mais importantes discutidos sobre o glaucoma no #CBO2015.

Veja os vídeos abaixo. Se preferir, leia a transcrição.

 

Uma parte importantíssima foi a prevenção da cegueira focada especialmente nas causas de cegueira causadas pelo glaucoma. Nos Estados Unidos, desde 2001, todos os trabalhos que mostram a incidência da cegueira no glaucoma focalizam que a mesma ocorre em 15% dos pacientes tratados em torno de 10 anos, o que é inaceitável, hoje em dia, termos este volume de pacientes cegos, geralmente bilateral.

Na Suécia houve uma casuística muito maior no enfoque errado do tratamento do glaucoma, no qual 40% dos pacientes ficaram cegos de um olho em 15 anos e 16% nos dois olhos. De importante foi focar no porque isso acontece e como evitar.

Várias causas foram abordadas e uma delas, que mereceu um simpósio especial, foi sobre a pressão-alvo. Acabou-se aquele conceito de que todos os pacientes precisam ter uma pressão “x” para serem considerados bem controlados de glaucoma. Não, isso não é verdade. Cada paciente tem uma pressão que é o ideal para ele e que deve ser checada periodicamente. E foi abordado como checar esta pressão individualmente, um trabalho quase artesanal, mas rápido, eficiente e baseado no que existe de mais moderno na literatura sobre o glaucoma.

Outros aspectos abordados foram a importância de se verificar a pressão durante o dia todo, medindo pressões a cada três, quatro horas em um dia ou, por outro lado, utilizando uma prova de sobrecarga hídrica, um stress test, que mostra qual é o pico de pressão. Todos nós sabemos hoje, nos trabalhos mais recentes, que o pico de pressão e a média da pressão são os fatores mais importantes na progressão da doença. A flutuação já caiu em descrédito, só que entre o pico e a média é muito mais fácil se medir o pico e não depende de inúmeras medidas. O tratamento visa baixar o pico de pressão e isso é extremamente importante, porque isso seguramente muda, como mostrou vários trabalhos, a incidência da progressão da doença.

Houve também a abordagem de novas drogas, uma abordagem muito grande e extensiva sobre os novos equipamentos e sua função no tratamento e manuseio do glaucoma, bem como os seus prós e contras. Isso é extremamente importante para o médico distinguir quando, como e o que valorizar nestes exames.

Enfim, foi um Congresso extremamente útil na área do glaucoma.

 

 

Durante esse congresso, vários assuntos sobre o glaucoma foram abordados, mas alguns aspectos merecem ser ressaltados.  Nós sabemos, por exemplo, que nossa população está envelhecendo. Então vai aumentar evidentemente a prevalência de glaucoma. Por outro lado, também, algumas outras doenças vão atingir a mesma população. Hoje vamos tratar glaucoma em pacientes com alterações maculares, DMRI, vamos ter um número maior de portadores de glaucoma que também tem catarata e a conduta, nestes casos, é um pouco diferente daquele paciente onde existe somente um glaucoma primário de ângulo aberto.

Também foram discutidos neste evento uma série de aspectos em relação ao diagnóstico precoce. Uma grande luta pelo diagnóstico precoce, uma discussão muito ampla até que ponto os novos equipamentos podem associar a nossa propedêutica básica, trazendo alguns recursos melhores. O que ficou definido é que esses novos equipamentos auxiliam muito no diagnóstico precoce e há uma grande discussão, uma polêmica ainda existente sobre a validade, de somente com um exame, nós definirmos se o paciente está progredindo ou não. A progressão é de grande responsabilidade principalmente nos pacientes jovens, aqueles pacientes com 60 anos que hoje nós precisamos garantir sua visão por mais 30 anos e isso é realmente muito difícil.

Em relação às novas drogas foi discutido, por exemplo, o auxílio que a nanotecnologia traz e a possibilidade de dispositivos intraoculares de liberação de droga. Desta forma, nós fugimos dos efeitos colaterais que as drogas podem apresentar, os efeitos colaterais que acontecem nas regiões perioculares ou alterações sistêmicas também.

Um grande avanço, discutido aqui, foi em relação às cirurgias. Uma discussão sobre a possibilidade de alguns procedimentos cirúrgicos nos libertar da existência de ampolas fistulantes nos pacientes glaucomatosos. É muito difícil o paciente manter por mais 20 anos uma ampola fistulante completamente intacta sem que outras intercorrências possam acontecer. Fica uma grande preocupação com a qualidade de vida do portador de glaucoma. Sem uma boa qualidade de vida vai ser muito difícil que a gente consiga um estímulo, a cumplicidade do nosso paciente para que ele mantenha a visão pela vida toda.

Este complexo todo, que foi abordado aqui, é a possibilidade de nós garantirmos a visão para a maioria de nossa população.

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